A institucionalização da psiquiatria em Santa Catarina, como proposta de intervenção estatal, teve início em 1941, com a criação do Hospital Colônia Sant’Ana (HCS). Até então havia dois hospitais psiquiátricos no estado, o Asilo de Azambuja (1910) e o Hospital Dr. Schneider (1923), instituições que não prestavam atendimento especializado e tinham apenas um caráter apenas asilar. O HCS era considerado necessário para cobrir a lacuna existente no serviço de assistência aos enfermos mentais, propondo-se como instituição mais piedosa e humana que os outros dois hospitais. A proposta atendia a uma política nacional encabeçada pelo Serviço Nacional de Doenças Mentais, fundado na década de 1940, que incentivou a criação de hospitais colônia em vários estados brasileiros.
Com capacidade para funcionar com 300 leitos, já em sua inauguração o HCS recebeu os internos dos asilos de Brusque (SC) e Joinville (SC), totalizando 311 pacientes, ou seja, 11 a mais que sua capacidade máxima. Conforme o Guia dos serviços públicos e comunitários de saúde mental de Santa Catarina (1998), o HCS terminou a década de 1950 com cerca de 800 internos, saltando em 1967 para 1.773. No ano seguinte, a instituição apareceu na lista dos hospitais psiquiátricos que utilizavam os chamados leitos-chão, camas improvisadas no chão para a internação de pacientes.
Em 2011, o Projeto Arquivos Marginais apoiou a exposição de inauguração do Centro de Documentação e Pesquisa (Cedope) do HCS. O acervo arquivístico do hospital é composto fundamentalmente de livros de registro de entrada, que datam de 1941 até aproximadamente a década de 1970. O Cedope conta com uma exposição de longa duração, a respeito da história da instituição e da psiquiatria em Santa Catarina, e um espaço para exposições temporárias.